A ansiedade está sempre presente em nossa vida. Mesmo antes dos desafios que a rotina competitiva e o ritmo de vida contemporâneo impõem nas nossas vidas, acredito que nossos ancestrais também tiveram que experimentar essa sensação.

Existe muito perigo numa vida dentro de um ambiente selvagem, com feras perigosas e poucos recursos, além de sentirmos cercados por uma quantidade enorme de eventos e territórios desconhecidos, tudo isso causa algum tipo de efeito dentro de nós e com os quais nos acostumamos atualmente, falo de aumento em nossa frequência cardíaca, suor, e boca seca por exemplo.

Basicamente a ansiedade é uma reação natural a antecipação de uma ameaça que nosso corpo pressente de algo desconhecido ou estranho. Mas ao contrário de antigamente, nós lidamos com muitas situações que ainda podem não representar algum perigo imediato.

Uma maneira de diferenciar ansiedade normal de uma ansiedade patológica é observar se uma reação ansiosa de curta duração está relacionada ao estímulo do momento ou não. E não se esqueça que um diagnóstico preciso compete a um profissional da saúde mental.

A ansiedade patológica está presente em diversos transtornos psíquicos como por exemplo a depressão. E em nossa vida adulta temos situações que podem ser fonte de ansiedade e que podem provocar os transtornos psicológicos, inclusive.

Os transtornos ansiosos geram quadros clínicos em que os sintomas da ansiedade são primários, ou seja, eles derivam de outras condições psíquicas (depressões, psicoses, transtornos do desenvolvimento, etc).

Por volta dos anos 80, havia a crença de que os medos e preocupações durante a infância eram transitórios e benignos. Mas hoje se reconhece que os sintomas ansiosos podem constituir transtornos bastante importantes e frequentes, causando sofrimento e disfunção para as crianças e adolescentes.

A identificação precoce dos transtornos de ansiedade pode evitar situações negativas na vida da criança, tais como a falta e evasão escolar, a utilização demasiada de serviços de pediatria por doenças associadas com a ansiedade e bem possivelmente, pela ocorrência de problemas psiquiátricos já na vida adulta.

Falando em modernidade, já conceituamos transtorno de ansiedade de separação,  que se caracteriza pela sensação de ansiedade excessiva em função do afastamento de casa ou de figuras com bastante vínculo, geralmente os pais ou outros familiares.

Este comportamento pode ser frequentemente observado em crianças até a idade pré-escolar, devido a toda insegurança que sentem gerada pela ausência de seus cuidadores.

A ansiedade de separação se configura como um transtorno, quando se torna inadequada para o grau de desenvolvimento ou quando interfere no funcionamento da vida diária do indivíduo.

O Transtorno de Ansiedade Generalizada se caracteriza pela presença de preocupações excessivas e incontroláveis sobre diferentes aspectos da nossa vida.

Apesar de preocupações serem um tipo de manifestação de ansiedade bastante comum, fazem parte da experiência humana. Em pacientes diagnosticados com este tipo de transtorno, se nota uma intensificação e um prolongamento deste estado de ansiedade, sem que haja a interrupção deste processo.

O Transtorno de Ansiedade Social (já citado em texto anterior)  pode ser entendido como uma vivência exagerada e persistente de ansiedade em relação a estranhos.

Crianças pequenas tendem a não se sentirem confortáveis perto de pessoas
desconhecidas, evitando estabelecer uma comunicação com os mesmos. Este comportamento é esperado para esta idade e deve ser entendido como parte do desenvolvimento infantil normal.

Entretanto, depois disso, se este estranhamento persistir e interferir na construção de uma vida social, é possível que este desconforto tenha se tornado patológico.

Da mesma forma que se observa em adultos, o medo persistente e intenso de situações onde a pessoa se sente julgada por outros, ou então se comporta de maneira humilhante ou vergonhosa, caracterizando um diagnóstico de fobia social em crianças e adolescentes. Em jovens, a ansiedade pode ser expressa por choro, raiva ou de afastamento social,  nos quais existem pessoas não familiares.

Para lidar com a Ansiedade, a psicoterapia pode ser uma grande aliada, pois uma ansiedade pode ser, às vezes, paralisante.

No caso de ansiedade não patológica o terapeuta pode realizar um trabalho educativo sobre estas possíveis manifestações e causas da ansiedade na vida da pessoa, para aprofundar o conhecimento sobre essa sensação e suas repercussões.

Para aliviar os sintomas da ansiedade e seus impactos no dia a dia se indica o uso de técnicas de respiração e meditação.

Usar a distração ou uma modificação para ter a mudança de foco da atenção também é considerada uma técnica de controle do estresse, pois reduz a tensão e auxilia a pessoa a alterar o foco de si mesmo para o ambiente.

Temos algumas pesquisas que avaliaram e comprovaram em diversos estudos feitos para determinar a eficácia dos programas de meditação e se depararam com a melhora dos resultados relacionados ao estresse (ansiedade, depressão, estresse / angústia, humor positivo, qualidade de vida relacionada à saúde mental, atenção, uso de substâncias, hábitos alimentares, sono, dor e peso). Porém outros pesquisadores não encontraram nenhuma evidência de que estes programas de meditação foram melhores do que qualquer tratamento ativo (por exemplo exercícios e outras terapias comportamentais). Mas salientam que o interesse pela meditação que cresceu muito nos últimos 30 anos nas culturas ocidentais vem das tradições orientais que enfatizam o crescimento ao longo da vida. Esses estudos científicos continuam sendo desafiador e os pesquisadores recomendam a realização feita a longo prazo podem ser ótimos para examinar o efeito da meditação na saúde.

Exercícios de respiração melhoraram a ansiedade e a depressão em pacientes hospitalizados por doença pulmonar obstrutiva crônica, que é uma doença progressiva que dificulta a respiração. Ansiedade e depressão são doenças comuns em pacientes com doença pulmonar crônica e afetam também a qualidade de vida.

Assim, temos que prestar atenção, pois cada caso apresenta suas características e suas reações em relação a ansiedade e os seus impactos podem ser diferentes nas pessoas.

Somente quem já teve esta sensação e sentiu suas consequências é poderá relatar  e avaliar melhor se os métodos para lidar com estes desconfortos são ou não eficazes, mesmo que conte com ajuda profissional em seu tratamento.

Caso a ansiedade seja sintoma de algum transtorno psíquico que afete acentuadamente a vida da pessoa , como um tipo de transtorno ansioso ou uma fobia social, geralmente é indicado uma terapia cognitivo-comportamental (TCC) e até mesmo o uso de remédios.

De maneira geral, buscar um terapeuta significa que já superou importantes barreiras internas ou externas e já foi capaz de admitir para si mesmo que tem um problema, muito provavelmente já procurou outras maneiras para superar isso, não desistiu ou não se deixou abater e levando ao terapeuta, mostra a disposição em compartilhar seu sofrimento na esperança de obter uma solução para as suas dificuldades.

A ansiedade em sua manifestação e duração, até mesmo aquelas mais patológicas, podem ser uma fonte de desconforto físico e mental para o indivíduo e assim, para lidar com todos esses incômodos, pode ser necessário contar com auxílio qualificado.

A relação que se estabelece entre o paciente e o terapeuta é de crucial importância para o bom desenvolvimento do trabalho de psicoterapia.

Ao lidar com transtornos de ansiedade ou com sintomas ansiosos em diferentes tipos de transtornos psíquicos, os profissionais tem encontrado na terapia cognitivo comportamental e sua articulação com psicoterapia corporal e práticas de atenção plena uma escolha acertada de ajuda.

A partir de um diagnóstico o profissional poderá oferecer opções de tratamento que melhor se adequem as possibilidades da pessoa atendida e ao seu perfil.

E mesmo durante o tratamento pode ser realizad uma contínua avaliação do progresso e sucesso dos métodos escolhidos e sempre ter em mente o papel do paciente e sua adesão e aceitação das práticas escolhidas.

Por Edson Cavichioli

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