Nos dias de hoje há uma tendência em se banalizar o casamento, isso é fato. Nas novelas, no cinema, nas revistas a separação é apresentada como uma solução absolutamente “normal” quando o casamento passa por situações difíceis. No entanto, ao contrário do que a mídia geralmente mostra, esse não deixa de ser um momento difícil e doloroso para o casal e para os filhos, para quem dificilmente a separação é recebida como algo “normal”.

Se para o casal existem dificuldades, de acordo com a situação que causou a separação e com o envolvimento de cada um deles na decisão, para os filhos a sensação é, na maioria das vezes, aquela de terem sido vítimas de uma situação não desejada e agressiva.

A relação amorosa do casal representa para o filho um “ambiente” que possibilita uma série de experiências importantes e uma delas é a segurança. O amor mútuo dos pais é para o filho uma confirmação de que ele também é amado. Consequentemente, o rompimento desse vínculo traz o medo de que ele também tenha deixado de ser amado. Sendo assim, é fundamental que mesmo que haja uma separação entre o casal, o filho tenha a certeza de que seus pais o amam.

Isto não acontece, por exemplo, quando um deles procura fazer do filho um aliado contra o outro, mostrando que o cônjuge é o responsável pela separação, ou pior ainda, quando usa o filho para fazer algum tipo de chantagem emocional com o ex-parceiro. Desmerecer o cônjuge na frente do filho, ou acusá-lo pelo fato do filho estar doente, desobediente, triste ou ir mal na escola, é uma péssima opção, que elimina a possibilidade do filho se sentir amado por ambos.

Outra questão muito importante é que normalmente os filhos se sentem responsáveis pelo fracasso do casamento dos pais. É, de fato, natural que o filho “dispute” o amor dos dois e que tente, por assim dizer, “separá-los” para ter o amor exclusivo deles. Se a separação de concretiza, o filho sente como se ele tivesse sido a causa de tudo. Isto provoca nele um grande sentimento de culpa e muitas vezes um estado depressivo. Por este motivo é fundamental deixar claro que a separação é uma decisão deles e que não tem nada a ver com o filho.

Quanto mais as separações puderem ser “consensuais e pacíficas”, melhor será para os filhos. Críticas, discussões, brigas e acusações somente contribuirão para piorar o clima em família e gerar instabilidade física e emocional.

É muito importante para o filho perceber que os pais não foram “destruídos” pela separação. À medida que os pais puderem continuar suas vidas de forma construtiva, o filho também acabará encontrando o seu equilíbrio emocional, em alguns casos a ajuda profissional pode ser valiosa para superar as dificuldades e reencontrar a felicidade de todos os membros da família.

Por Adriana Lobo

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