Enfrentamento dentro da psicanálise pode ter várias direções ou vários vieses como se diz no linguajar popular, mas neste texto específico quero dar ênfase ao olhar oncológico. Dentro deste nosso especial trabalho com a psico-oncologia, quero oferecer pequenas contribuições de como enfrentamos essa doença no set terapêutico. Este material está embasado num lindo trabalho feito por colegas psicanalistas do Instituto Câncer sem Medo, ao qual tenho a honra de ter especializado através deles.

Dentro do enfrentamento oncológico nós temos diversas demandas de trabalho que sempre estão dentro de uma comparação entre o que é ideal para uma pessoa versus o que ela idealizou para sua vida. Este enfrentamento está entre a Empatia onde olhamos para o eu mais o outro, livre de egocentrismo, da atitude de demo, onde usamos de sadismo para atingir pessoas ou de anjo onde fingimos a aparência pelo bem e por trás maldizemos tudo isso. Paralelamente à Empatia estão os nossos Medos, que por sua vez está alicerçado pelas Crenças Limitantes, pela Paralisia, pelos processos de Entendimento da Mensagem e pelo nosso Padrão Comportamental.

E do outro lado da Empatia e do Medo, está a Assertividade baseada no Juízo de Valor, onde julgamos as pessoas segundo o nosso conceito versus o Juízo de Razão, onde julgamos as pessoas com os olhos da alma, com respeito pelas diferenças e diversidades. E caminha ao lado da Assertividade as nossas diversas Perdas, sejam elas pela conhecida avaliação entre ideal versus idealizado, as perdas definitivas onde tivemos que re-significar uma nova realidade, as perdas pela temporalidade, de ganhos que não tivemos e ainda temos a resignação de ter que aceitar as derrotas.

Então no centro destas duas situações está a ATITUDE. E para que a mesma seja de maneira correta, precisa estar baseada em auto-confiança, autonomia, maturidade e empoderamento.

O enfrentamento também conhecido por Coping tem os significados de: – “lidar com”, ir ao encontro do desagradável, também pode ser um conjunto de estratégias comportamentais para lidar com uma ameaça eminente, um esforço adaptativo para lidar com o estresse da enfermidade, e ainda, um padrão de reação habitual diante de eventos estressantes que é igual ao padrão diante do Câncer.

O processo de enfrentamento da doença pode dar de maneira habitual de reação versus recursos psicossociais para um novo contexto, bem como, ter bons recursos de enfrentamento significa uma melhor qualidade de vida, que por sua vez melhora o resultado do tratamento.

Quanto às estratégias de enfrentamento, nenhuma é melhor ou superior a outra, o importante é que tem que haver resultado positivo neste contexto. E, dependendo do autor ou pesquisador, há uma sugestão e classificação das estratégias:

            – Enfrentamento centrado no problema

            – Enfrentamento centrado na emoção

Os enfrentamentos centrados nas emoções definitivamente são os mais negativos, pois estão ligados aos nossos mecanismos de defesa. São os conhecidos como Repressão, Recalque, Negação, Projeção, Deslocamento, Sublimação, Formação reativa, Regressão, Racionalização e todos eles fazem com que voltem para si mesmo.

Quando o enfrentamento é centrado no problema é que percebemos o lado positivo nas atitudes, é onde percebemos a alteração direta da situação do problema, temos uma avaliação direta da situação para que se torne menos assustadora, onde o grande objetivo é assegurar a qualidade de vida e regulação das emoções.

Observem como acontecem os esquemas que chamamos de Enfrentamento Desadaptativos:

  • A criança é cuidada pelo adulto imperfeito e isso é igual ao adulto passar de alguma maneira o seu próprio enfrentamento. Assim, surgem na infância e na idade adulta apresentam o caráter mais desadaptativo;
  • Todo esquema de enfrentamento vem de uma de uma vivência na infância de falta ou de excesso;
  • Esquema de enfrentamento desadaptativo é igual cultura mais vivências mais necessidades não supridas pelo cuidador mais a cristalização, a introjecção do esquema de enfrentamento do cuidador;
  • As estratégias a nível do comportamento para lidar com os desafios emocionais diários, usando as vivências fixadas pela falta ou excesso, crenças sobre elas mesmo e sobre o mundo e o próprio contato com as pessoas.

E finalmente, sobre os estilos de enfrentamentos, temos:

  • Supercompensação onde querem se mostrar fortes, lutam, tentam mostrar ser o extremo oposto do que sentem e tentam se distanciar da criança.
  • Evitação onde procuram viver em função da fuga, negam o problema e tentam manter um distanciamento emocional.
  • Resignação onde buscam abraçar o problema para se entregar à ele, enfim, paralisar.

Por Edson Cavichioli

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